domingo, 4 de outubro de 2015

Questões Latentes Para Uma Hipergeografia

Nietzsche faz digressão convergente no "Humano, Demasiado Humano": para ele, enquanto persistir a força do mito religioso persistirá o mito que fundamenta o Estado enquanto forma de organização de determinado recorte do espaço; que legitima a castração, perseguição e neutralização daquilo que diverge do interesse da "sociedade" - um pacto entre "sócios" (eu não assinei nenhum contrato. E vocês?), etc, etc.

Não à toa ele dedica o livro aos "espíritos livres" e em homenagem a Voltaire, encampando a batalha ao lado dos iluministas.

Dialogando com a citação do Krishnamurti, o que é um "governo" - o Estado, melhor dizendo - senão uma hiper-empresa? Um corpo que superpõe outros corpos e organismos. Ou, porque uma empresa ou família ou qualquer espécie de organização social brasileira é diferente de uma chinesa?

Mais ainda: que espécie de organização do espaço determina um organismo transnacional - que opera com seus órgãos por sobre Estados-nacionais, nos seus interstícios? Como as corporações - e a ideologia corporativa - pode reproduzir-se nos mais diversos contextos geográficos?

Chamemos esse expediente de "imperialismo" por inquietude e falta de imaginação; por embasbacados que estamos dada a complexidade de tal arranjo de poder nos espaços. Todavia, é isso o que queremos fazer com os nossos corpos - adaptarmo-nos ao projeto político das corporações? Responder à pressão com nossos afetos negativos, regalando-nos na nossa impotência?


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