quinta-feira, 12 de dezembro de 2019

Considerações Sobre o Bolsonarismo: Uma Análise Psicológica do Brasil Evangélico


Dedicado àqueles que buscam pureza no coração.

[Dedicado ao meu colega Luiz Gustavo, pessoa gentil e amável, colega de escola, ele do 2º ano, eu do 1º, evangélico com quem por volta de 2004 eu, declarado ateu desde sempre, dialogava francamente horas a fio sobre questões da vida, quando o Brasil ainda possuía uma atmosfera respirável. Nós mal nos julgávamos, se é que nos julgávamos — mas não nos condenávamos.]
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Escrever sobre o cristianismo é sempre escrever com nojo. É preciso antes respirar um ar mais puro para descontaminar as ideias, desintoxicar o espírito desse tão pernicioso veneno

α. Mais de uma vez ouvi ao longo destes últimos meses lamentos e lamúrios sobre a “culpa” dos evangélicos na ascensão do Bolsonarismo. Vindos de católicos, os tais brasileiros “católicos não-praticantes” (mais tecnicamente preciso seria se eles chamassem a si mesmos de “cristãos não-praticantes” pois, claro, o único cristão que houve morreu na cruz...), fazendo o que apenas sabem fazer desde sempre: crucificar os “culpados” por qualquer coisa...

β. Minha consciência é brutalmente imperiosa e me compele sempre à batalha: enfrentar estas tão injustas críticas tomo como parte que me cabe na atual confusão de sentidos. Dela meu espírito não é livre: minha consciência crítica é o meu espírito livre.

γ. Ao longo de minha despeitada andarilhagem pelo mundo, topei com alguns evangélicos (colegas de escola, de faculdade e de trabalho) cujos contornos psicológicos me atrevo a generalizar da seguinte forma:

1.      Exercitavam suas virtudes nos estudos e no trabalho: ainda que não fossem inteligências brilhantes (não há mais terreno fértil na nossa cultural para que tal coisa possa florescer) e que carregassem os conceitos e preconceitos típicos do evangélico, demonstravam seriedade no que faziam, imprimiam honestidade nos seus atos;
2.      Tratavam as pessoas com sincera cordialidade: ainda quando confrontados com os arquétipos daquilo que condenavam — resumidamente: os de sexualidade diversa e os viciados de toda espécie — assumiam diante de si mesmos o dever da gentileza no trato como disciplina rígida daquele que se imbuiu do evangelho, de espalhar a “boa-nova”.
3.      Disciplinavam seus instintos, exercitavam a mais elevada maestria: a disciplina da vontade. Como muitos são convertidos após ruínas pessoais de toda espécie, se impunham dieta restrita, sexo restrito, finanças restritas, bebidas espirituosas restritas. Tantas restrições, tantos represamentos do espírito desaguavam no ritual catártico do culto, experiência mística que transborda em gestos e atos que em muito se difere da quietude da missa católica: enquanto nesta se busca terrivelmente expiar a culpa pelo excesso de liberalidade da vontade e pela mútua indulgência pelas hipocrisias coletivas (1ª lei do catolicismo: todos os católicos são hipócritas), naquela se busca efetivamente criar uma vontade mais pura, regozijar-se na pureza da vontade alheia, ainda que pelo caminho mais curto, o mais torto, ou seja, guiados pelo sacerdote.

δ. Aqui quero abrir um parêntese: enquanto o sacerdote católico é quase sempre mais íntegro que seus fiéis, entre os evangélicos ocorre quase sempre o contrário. O fato de haver irredutíveis canalhas entre os mais renomados pastores evangélicos do Brasil em nada credita os católicos, que por décadas eram conhecidos pelos desvios e crimes sexuais de seus padres, resultados da perversão sexual e psicológica, sujeitos que estão à patética e arcaica disciplina do celibato para atingir a mais corrupta moral sexual da face da Terra: a moral dos católicos.

ε. O Bolsonarismo como fenômeno político de massas se ampara num tripé que se retroalimenta, ainda que de forma instável:

1.      Os moralistas tacanhos, propagandeados pelos sacerdotes de todos os tempos para angariar o engajamento espiritual dos decadentes de todas as eras e lugares. Compõe este grupo os que pregam contra a corrupção política, mormente os lava-jateiros, estes últimos flagrantemente orquestrados com os interesses políticos e econômicos dos E.U.A., vergonhoso de tão evidente. Os evangélicos, como massa difusa, encontram-se neste grupo, contudo, ele não é homogêneo. Em todas as pesquisas realizadas sobre o apoio ao bolsonarismo o recorte de classe é o mais importante. Gravitam este mesmo campo a grande maioria dos católicos. Pela força da constituição histórica brasileira, a fração dos trabalhadores, sujeitos a um constante exame público de seu caráter, que são capturados pelo bolsonarismo, são os que chamo indistintamente de escravos. São os que chamam a si mesmos de “pai de família”, “trabalhador honesto” e que defendem a castração das meninas pobres dos morros do Rio de Janeiro (ouvi isso mais de uma vez da mesma pessoa, professor, negro, católico, de origem na periferia, assim, publicamente, sem nenhum pudor). Mas, também os escravos não podem ser unicamente “culpados” pelo bolsonarismo: tudo indica que seus senhores são mais responsáveis por nutri-lo;

2.      O empresariado ganancioso, os merceeiros, os atravessadores, os exploradores e investidores de toda a espécie, cujas ocupações e negócios são apenas manifestações dos seus profundos vícios de caráter mascarados e chamados de virtude. São os herdeiros da casa-grande, a classe média tradicional brasileira, improdutiva, que sobrevive bancada pela fonte de riqueza de algum patri-ou-mesmo-matriarca. É a gente que se beneficia do racismo estrutural do Estado e da sociedade brasileira e que requer de volta a totalidade de seus privilégios que haviam sido ligeiramente arranhados no ciclo petista;

3.      Os criminosos de elite, ou seja, todo aquele que não é pobre roubando na esquina: os grileiros, os madeireiros, os grandes traficantes, os sonegadores, os grupos de extermínio da polícia e das forças armadas, os milicianos, que são a mais evoluída forma deste grupo, não à toa pariram o próprio Bolsonaro. Seriam parte do grupo do empresariado corrupto não fosse a assumida ilegalidade em que atuam. São as formas modernas dos bandeirantes, aquele mestiço cujo caráter foi corrompido no contato com a cultura dominante, cuja existência se garante na exploração de tudo e de todos;

ζ. Como se retroalimentam? Os criminosos de elite são contratados pelo empresariado ganancioso para realizar seus serviços mais baixos: é o empreendedor imobiliário que contrata leões-de-chácara para atacar os seus inquilinos inadimplentes; os fazendeiros que contratam grileiros profissionais, os bugres, para expandir suas terras sobre territórios de povos tradicionais; os homens de negócios que possuem relações com as redes de tráfico de armas e drogas; são os grandes interesses financeiros desvirtuando toda a comunicação pública com a força do dinheiro. Quidquid lucefuit tenebris agit: como estes negócios são realizados no escuro, as massas não percebem as longas redes e teias de conexões que degradam suas condições materiais de vida, tornando-as vulneráveis à ação dos sacerdotes moralistas. Como os sacerdotes dependem da desestabilização das massas para sua existência, secretamente apoiam as intenções dos criminosos e do empresariado, quando não publicamente as relativizam. Este é o papel, por exemplo, dos “deputados-pastores”.

η. Como se vê, a participação dos evangélicos na conformação e sustentação do bolsonarismo é ínfima comparada à tradicional hipocrisia e corrupção que caracterizam desde sempre a cultura brasileira. Neste sentido, o bolsonarismo é o mais fiel retrato do Brasil e que esteve escamoteado enquanto tentávamos nos vender para o mundo como “nação moderna”. Nunca poderia ser justo que os evangélicos sejam atacados pelos católicos como “pais” do Bolsonaro: seria antes mais exato o contrário.

θ. Na verdade, é o bolsonarismo que se aproveita dos evangélicos, tomando empréstimo de sua imagem pública de gente ordeira e virtuosa, que busca por retidão de caráter criando seu ideal a partir da antítese de seus preconceitos. Não por profunda identificação, mas, por necessidade de sobrevivência: o bolsonarismo, como um projeto de enriquecimento de um punhado de bandidos, assassinos e corruptos e de destruição total do Estado Brasileiro Pós-1988, cheios de ressentimento pelos direitos que a constituição garantia, precisa disfarçar-se utilizando a roupa do sacerdote moralista!

ι. O Brasil é o mais bem sucedido projeto colonial do mundo moderno. Talvez apenas na Rússia imperial um projeto societário tão destruidor conseguiu realizar-se na escala territorial com que se desenvolveu aqui. Para participar do Brasil sempre foi necessário despir-se de toda a identidade cultural original, fosse ela indígena, africana ou mesmo euro-diversa, e introjetar um racismo que determina o lugar de cada um na escala social.

κ. A brutalidade desta cultura, cuja engenharia social a tudo e a todos corrompe com altíssima precisão, naturalmente compele para o seu oposto: o desenvolvimento de uma cultura mais íntegra e fraterna. O evangélico, em geral, é uma destas formas de cultura que, para não negar o seu pai/país, agora aprendeu a associar-se com um nacionalismo idealista, mais por propaganda que genuinamente. O evangélico é uma invenção recente, das últimas décadas, quando a hegemonia cultural dos católicos arrefeceu, permitindo também que nós, os ateus, crescêssemos na sociedade. Como tal, o evangélico promete ampliar-se no futuro. Contudo, não precisa ser na fôrma do bolsonarismo. Associa-los e ataca-los indistintamente é um equívoco e uma injustiça.

λ. Particularmente, creio que a face mais interessante da cultura brasileira, a sua malícia, não permitirá que o vírus evangélico se espalhe muito por muito mais tempo. Podemos conviver novamente em paz, como filósofos gregos na Ágora: cada um defendendo com argumentos seus pontos de vista sobre a vida, exercitando a retórica, buscando a pureza da vontade e da virtude, sem a necessidade da destruição total do outro.

terça-feira, 15 de outubro de 2019

Ao Professor F. Nietzsche

Homenagem de um "instrumento desafinado" ao maior professor que tive, Frederico Nietzsche, em seu 175º aniversário, 131º de publicação de "Ecce homo", reproduzo aqui uma passagem de sua autobiografia filosófica:

"Nunca entendi da arte de indispor contra mim — também isso devo a meu incomparável pai — mesmo quando me pareceu de grande valor. Embora possa parecer pouco cristão, não sou sequer indisposto contra mim mesmo, pode-se virar e revirar minha vida, nela se descobrirá raramente, apenas uma vez, no fundo, indícios de que alguém tenha mantido má vontade para comigo — talvez surjam, porém, indícios em excesso de boa vontade... Mesmo minhas experiências com aqueles com quem todos têm más experiências falam a seu favor; eu domo qualquer urso, faço até os bufões se comportarem. Nos sete anos em que ensinei grego à classe mais adiantada do Pädagogium¹ da Basiléia, não tive ocasião para impor castigo; os mais relapsos eram industriosos comigo. Sempre estive à altura do inesperado; devo estar despreparado, para estar senhor de mim. Seja qual for o instrumento, esteja ele desafinado como só o instrumento "homem" pode desafinar — eu teria de estar doente, para não conseguir extrair dele algo que se ouvisse. E quantas vezes ouvi dos "instrumentos" mesmos que eles nunca haviam se escutado assim... 
[...]
Aos que silenciam falta-lhes quase sempre finura e cortesia do coração; silenciar é uma objeção, engolir as coisas produz necessariamente mau caráter — estraga inclusive o estômago. Todos os calados são dispépticos. — Veja-se que não desejo ver subestimada a grosseria; ela é, de longe, a mais humana forma da contradição, e, em meio ao amolecimento moderno, uma de nossas primeiras virtudes. — Quando se é rico o bastante para isso, é inclusive uma fortuna estar errado. Um deus que viesse à Terra não poderia fazer senão injustiça — tomar a si não a pena, mas a culpa, é que seria divino."

("Ecce Homo", "Por que sou tão sábio?", 4-5, 1888. Trad.: Paulo Cesar de Souza)

1. Fase anterior à universidade, Algo próximo do "ensino médio" brasileiro.

segunda-feira, 14 de outubro de 2019

Em defesa dos Evangélicos ou "Advogando para o Diabo"

1. Entende mal a religião quem não percebe que o "diabo" é sempre aquele ator político-econômico, um "Grande Outro", que deteriora, através de vários meios, as condições materiais de vida da comunidade.. Isso explica a circuspecção da comunidade e sua aversão ao forasteiro, ao estrangeiro e ao aventureiro — e sua submissão ao sacerdote, irmão de leite do anjo decadente.

2. Os católicos são profundamente mais hipócritas que os evangélicos até o ponto de não perceberem a sua hipocrisia ao acusar de vazia a fé alheia. Aqueles buscam entorpecer a consciência; estes, purificá-la. É por isso que a pena para os católicos é maior na "Lei contra o cristianismo". 

3. É perfeitamente possível, as condições históricas, objetivas e subjetivas, estão dadas para que o Brasil se torne um Estado totalitário orientado por algum tipo de fundamentalismo religioso, isolando-o do mundo. Disso não se pode responsabilizar apenas os que chamamos genericamente de "evangélicos". A busca pela pureza é sinal avançado de profunda corrupção da cultura, do gênero de vida de um povo.

domingo, 8 de setembro de 2019

"Volta PT": A Covardia Como Política

1. A covardia, como fenômeno político, que recomenda um medroso "passo atrás" ("Volta PT!") não ocorre desconectada da decadência geral da cultura demonstrada pela nova hegemonia da "nova era". Não poderia ocorrer, pois, é parte integrante da grande dialética que constitui a nossa sociedade.

2. O petismo/lulismo ou como quer que se chame a hegemonia que governou o Brasil de 2005 (arranjada no contexto golpista do "mensalão") até 2015 (dissolvida no grande caos econômico e desarranjo de articulação política da fraude eleitoral do 2º mandato da Dilma, que, acaso não se lembrem os caros saudosos petistas, executou um plano econômico rigorosamente igual ao que acusara seus oponentes em 2014 de fazer!), nos seus limites conciliadores de interesses fundamentalmente antagônicos, absorvendo e internalizando a contradição entre tese e antítese,  gestou essa síntese que, ainda que instável, por ora ainda governa o Brasil: o "lava-jatismo" + "bolsonarismo", ambos com a hegemonia evangélica, não mais católica, de fundo (a fratura deste arranjo será a nova dialética, da qual estamos claramente excluídos, no mínimo, pela próxima década).

3. Esta covardia não é fruto do acaso. Ela é o resultado do crescimento do "ressentimento" como um fenômeno de massas a partir do momento em que o PT decidiu tomar o "atalho" do poder: elevar Lula, um mero operário acima da média (a quem alguns acusam de ter sido forjado pela inteligência norte-americana no contexto da doutrina da "sístole-diástole" idealizada por Golbery), ao status de líder total, inquestionável e prepotente.

4. Mas Lula não é infalível, como queria crer essa parcela da esquerda cristã brasileira, transferindo sua devoção afetiva/religiosa a essa figura ao mesmo tempo incrivelmente simpática e terrivelmente odiosa. Ele mesmo se apercebeu deste seu poder e passou a adotar uma postura retórica messiânica, irreal, como todo político, enaltecendo seus feitos para além da realidade material, utilizando de políticas econômicas intervencionistas que funcionaram como nada além de artifícios para cativar um eleitorado certamente castigado pelas elites políticas brasileiras ao longo da história deste triste país.

5. É neste enorme contingente de massas desprovidas das condições mais básicas de vida, excluídas do usufruto dos produtos e resultados do trabalho (e grande parte dela excluída do trabalho mesmo!) que se desenvolvem as condições psíquicas para a instalação do ressentimento, que produz ódio, que exige vingança. Essa massa que ascendeu materialmente, ainda que pouco, durante a hegemonia lulista dividiu-se em 2 partes, dada a necessidade da psique de resolver sua identidade ante o antagonismo com um "grande outro":

5.1. uma porção se desprendeu do ideário e da política de afetos do lulismo, absorvendo os valores da tradicional privilegiada casta da classe média urbana do Brasil. ter um carro, financiar um apartamento, colocar os filhos numa escola segregada do povo, contratar planos de saúde (por mais que a maioria destes serviços sejam um enorme engodo): tudo isto, desde o processo de urbanização e industrialização do Brasil, sempre foi signo do status social das famílias no seu processo nojento e cruel de tornar-se "brasileiros de bem". Este fenômeno, desconfiamos já há algum tempo, ocorreu em todos os outros períodos de progresso econômico experimentado no Brasil (os "50 anos em 5" dos anos 1950 e o "milagre econômico" dos anos 1970). Estas pessoas deixam de ser "caboclos", "negros", "camponeses" expulsos de sua terra, brancos identificados com a origem na pobreza para tornarem-se o "sentido" da sociedade: a classe média brasileira de bem.

5.2. Enquanto outra porção desta mesma massa, participando do mesmo processo de acumulação econômica e elevação de patamar material, com as mesmíssimas aquisições econômicas listadas acima para demonstrarem o mesmo status social, contudo, com um pouco menos de apreço por estes simbolismos (talvez com pouco mais consciência da fragilidade de seu processo de aquisição, dependente de uma correlação de forças sutil), igualmente sentiu-se o sentido histórico brasileiro, contudo, logrou em identificar-se com as identidades, todas elas muito reais, mas que eram esvaziadas de conteúdo a média que utilizadas pela retórica do petismo para manter sua fidelidade eleitoral e integrar as massas ao modo de vida sui generis do capitalismo brasileiro: é a classe média "que veio da senzala", é o "índio" que entrou pra faculdade, é o "nordestino" que comprou a casa, é o "Pobre" que anda de carro. Noves fora que é sempre patético observar esse apego das identidades às conquistas econômicas que a integram no capitalismo mais selvagem que há na Terra, essa parcela da massa ocupou-se muito pouco em exercitar suas virtudes. Como disse anteriormente, estas identidades perdem conteúdo. O foco do petismo, para sustentar seu arranjo conciliador, deveria ser esse mesmo: as pessoas devem alegrar-se em consumir, fazendo a roda da economia capitalismo semicolonial brasileira girar, e não se ocupar em produzir crítica a este processo. Como a ideologia foi calcada no esquema de pensamento religioso, também aqui é "pecado" blasfemar contra o ídolo.

6. É com romantismo idealista, ressentidos contra nós, os críticos, que esta fração da classe ascendente ora por "volta PT"! Como oração, devoção religiosa: é irracional, não está em contato com a realidade em nenhum momento. As eleições de 2018 são prova irrefutável desse processo: ainda que Lula certamente fosse eleito pelo voto, as forças articuladoras do grande golpismo pós-2016 (muitas delas ex-aliadas do petismo no poder) não permitiram e não permitirão! O petismo mesmo ainda se alimenta desta ilusão da via eleitoral, pois, deposita muita credibilidade no sistema que apenas o vampirizou para explorar a classe trabalhadora.

7. Portanto, nós, os críticos, que somos uma consciente minoria e que nos forjamos em outras diversas condições, mormente no processo de decadência econômica da classe média tradicional, somos, pela acumulação geral deste processo histórico, mais profundos na análise, ainda que não sejamos creditados.

8. A covardia apenas se instala onde não exercitou-se as virtudes do espírito, apesar de e, talvez até recusando todos os confortos materiais oferecidos pelo ciclo econômico. Neste sentido, certamente muitos que ascenderam com este fenômeno histórico podem ser críticos, pois, somos mais corajosos à medida que somos mais inteligentes — compreendendo inteligência como a capacidade de desconstrução e crítica. Quanto aos decadentes, A nossa superfície de contato com aquelas massas é larga, contudo, elas não nos entendem. O nosso desprezo, mais ou menos evidente, por seu modo de vida — não de "negros", "índios" ou "camponeses" degredados, mas de classe média! — é tido como profundamente ofensivo. Com pouco esforço para sermos simpáticos, pois o somos genuinamente, nos explicamos, mas não somos compreendidos (vejam o ridículo em que quase sempre é colocado um Suplicy, por exemplo, que é o homem deste tipo mais próximo ao petismo).

9. Conscientes deste processo, recusamos o "volta PT" e acusamos sua covardia a todo o momento, relembrando que esta síntese experimentada no presente foi gerada na dialética cujo útero e primeiro abrigo foram os próprios governos petistas.

10. Portanto, por acusar esta política irracional carregada de afetos tristes, ambas as frações daquela massa ascendente (os "crentes lava-jateiros bolsonaristas da nova era" e os "Eu sou Lula porque Lula é o negro, o índio, o gay e a mulher!") Só podem nos odiar. Como não nos entendem e porque somos tentadoramente simpáticos, pois temos um lastro no uso das linguagens (verbais, corporais e na economia de afetos através delas, transparecendo, muitas vezes, uma involuntária superioridade moral — creiam-me: dito isto com a mais serena das autocríticas) pelos longos anos longe do imperativo do trabalho como filhos da classe média tradicional (dela somos mera degeneração), e estamos em frequente contato, este ódio muitas vezes não consegue ser racionalizado em argumentos. Portanto, torna-se um ódio recalcado que, não com pouca frequência, é chamado de "amizade". No fim das contas, este ódio só poderá crescer.

11. Zaratustra desceu a montanha falando de amor e foi incompreendido e ridicularizado, nesta sequência. Tão logo se apercebeu de seu equívoco e procurou sua solidão e aqueles que o seguissem, pois, queriam seguir a si mesmos. E mesmo destes se despediu na sua hora mais silenciosa, retornando à sua montanha.

12. Talvez eu seja mais um mau-caráter que tenha enganado a todos na minha práxis cotidiana e mesmo a você que por ventura tenha chegado até aqui nesta linha deste texto! É com cortesia no coração que Faço o favor de retirar-me para a montanha. Suspeito que dela desci cedo demais, tenha falado demais com quem me desentendi demais!

segunda-feira, 19 de agosto de 2019

O Grande Embate Brasileiro

Esse FASCISTA FILHO DE UMA PUTA que os paneleiros sem caráter elegeram, por mais que seja profundamente estúpido, sabia que não se sustentaria no poder apenas com o apoio da máfia de militares corruptos dos pés dos morros cariocas. Tão logo esse entedimento lhe ficou claro, aliou-se aos corruptos "moralistas de guela" de toda espécie, fartamente nas forças com poder de polícia (PM, bombeiros, FA, etc.), empresariado ganancioso cuja riqueza não cumpre função social e à máfia de grileiros, madeireiros e assassinos de aluguel dos rincões do Brasil profundo que, neste exato momento, praticam aquele que talvez seja O MAIOR ATO ECOTERRORISTA DA HISTÓRIA DESTE TRISTE PAÍS, combinando queimadas que são facilmente vistas do espaço, já identificadas pelas agências de monitoramento da atmosfera de todo o mundo. Esse grupo já havia dado mostras de sua força quando o Temer ampliou o território do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros (GO), que sofreu com um enorme incêndio criminoso em 2017, se não me falha a memória. É TERRORISMO, porque ustá usando da força e um antiquíssimo símbolo de violência (FOGO) para chantagear a sociedade, e é ECO porque se utiliza da degradação deliberada, sem nem mesmo fins produtivos, do meio ambiente, do "Oikos". Já não há a menor condição de contemporizar com os que ainda defendem esse governo assassino, destruidor, ladrão e tendendo ao arbítrio. Cedo ou tarde UM GRANDE EMBATE deverá realizar-se, mais ou menos violento, mais ou menos consciente de representar projetos societários antagônicos, redefinindo os rumos desse emaranhado de superexplorados e superexploradores que chamamos de "sociedade".

quinta-feira, 27 de junho de 2019

Os Crimes de Responsabilidade do Presidente Jair Bolsonaro


Analisaremos, à luz do texto da Lei 1.079, de 10 de abril de 1950, que trata dos Crimes de responsabilidade do Presidente da República e dos Ministros de Estado, todos os hipotéticos crimes de responsabilidade cometidos pelo presidente Bolsonaro até a presente data [26/06/19]. Transcreveremos o texto da lei linkando reportagens, vídeos e outras formas de mídia, cuja veracidade seja publica e facilmente atestada, que demonstrem a crítica ora feita. Para acessar os textos, basta clicar nos hiperlinks. Lembrando que, como preconiza o texto da referida lei: 

"Os crimes definidos nesta lei, ainda quando simplesmente tentados, são passíveis da pena de perda do cargo, com inabilitação, até cinco anos, para o exercício de qualquer função pública, imposta pelo Senado Federal nos processos contra o Presidente da República ou Ministros de Estado, contra os Ministros do Supremo Tribunal Federal ou contra o Procurador Geral da República" (Lei 1079 de 1950, art. 2º, parágrafo único.)

Nossos objetivos aqui são 1) evidenciar o caráter técnico-político do instrumento do impeachment, cujo uso se dá ao sabor dos interesses majoritários negociados no congresso nacional; 2) colaborar para a reflexão acerca da elasticidade dos limites conferidos aos agentes políticos quando satisfeitos aqueles mesmos interesses majoritários; 3) denunciar as graves violações e sérias ameaças às liberdades civis que por ora afrontam o mitológico Estado democrático de direito no Brasil — essa farsa a serviço da burguesia plutocrata brasileira, que não se acanha em trucidar nosso povo e sua promessa de futuro para satisfazer seus interesses, por assim dizer tacanhos quando não inadjetiváveis. 

Parte I: DOS CRIMES CONTRA A EXISTÊNCIA DA UNIÃO


Obs.: o fato é pretérito ao início do mandato, maio de 2018, mas vale o registro para os objetivos deste texto.



Parte II: DOS CRIMES CONTRA O LIVRE EXERCÍCIO DOS PODERES CONSTITUCIONAIS


Parte III: DOS CRIMES CONTRA O EXERCÍCIO DOS DIREITOS POLÍTICOS, INDIVIDUAIS E SOCIAIS


 




Parte IV: DOS CRIMES CONTRA A PROBIDADE NA ADMINISTRAÇÃO





Parte V: DOS CRIMES CONTRA A GUARDA E LEGAL EMPREGO DOS DINHEIROS PÚBLICOS



ADENDO



Para completar o número cabalístico13 — tomamos emprestado o que seriam crimes de responsabilidade cometidos por pessoas ligadas diretamente a Bolsonaro: seu ministro de Estado, Paulo “Posto Ipiranga” Guedes e seu filho deputado federal Eduardo Bolsonaro, o "03":


O Brasil é um país sem sorte!