domingo, 14 de outubro de 2018

O Aprendizado do Mar

Nós já chegamos no limite de ter de pedir desculpas às pessoas no facebook, nos grupos de WhatsApp, por tentar demove-las da sua orgulhosa ignorância. Talvez a nossa paciência já tenha ido embora, restando uma angustiada arrogância. Há uma enorme onda: você não a enfrenta; mergulha fundo e deixa ela passar por cima, ela vai morrer ali na frente mesmo. É assim desde que o mundo é mundo. Só precisamos ter fôlego; prender a respiração: calar a boca!

É parte da vida discutir sobre as questões comuns, que afligem à humanidade. Nós só nos tornamos o que somos assim. É por isso que o Roger Waters atravessou o mundo pra tomar vaia de classe-média latino-americana, porque a gente não vai deixar de falar as coisas que precisam ser ditas. Mas há momentos em que não adianta falar nada, o discurso mais eloquente vai soar como um convite à batalha, não à compreensão. E aí é bom saber a hora de se calar e deixar as coisas fluírem como são... o que for pra ser será. Pode demorar o tempo que for. Por isso a analogia com a onda: não depende da minha persuasão crítica, da minha razão, enfrentar uma onda... devo me adequar à ela, ela passa logo e se desmancha na praia: aprendizado do mar!

O Homem do Conhecimento

A técnica surge bem antes da tecnologia; a teoria, bem depois da prática. Isso devido ao fato de, na história humana, a "necessidade" surgir bem antes da "racionalidade". Daí decorre que o intelectual "objetivo" é algo muito tardio, incompreensível, talvez até supérfluo para a maioria dos homens comuns. E a bem da verdade, o "intelectual objetivo" ainda é um degrau abaixo do homem do conhecimento. Este chega cedo ou tarde, perdedor ou vitorioso — é dado da história. Quando coexistem em harmonia e em condições favoráveis, esses dois tipos elevam a condição humana — o que é raro. Talvez, o "conhecimento", a descrição objetiva já não seja algo assim tão urgente agora, que a humanidade é tomada por uma febre de odiosa ignorância. Que tipo de humanidade é chegada a vez? A do homem do conhecimento, o criador: que prescinde, ou melhor, intui a teoria, forja a tecnologia com suas técnicas; cria o novo com suas práticas, ao longo da tentativa e erro. É chegada a vez do homem do conhecimento: é a hora de errar, de lutar e de perder para aprender. O intelectual objetivo o seguirá para, assim que possível, compilar sua suma no Estado da Arte das coisas humanas, em seu trajeto da escuridão à luz.