sábado, 27 de junho de 2015

Símbolos

Onde houver intensa mídia, propaganda em massa - serão eriçados os pelos da minha desconfiança. Farejo o mau-cheiro, a podridão de quem manipula os fios.

Com isso, digo: não é fácil despregar-se do espírito do rebanho.
Pelo contrário: pareço, aos olhos dos outros, um monstro, o estranho.
Mas não digo "odeio ser o estraga prazeres"
Se, a bem da verdade, muito me divirto, zombeteiro, em rir dos rumos desse pisoteamento!

Pois bem: não quero - e querer é tudo o que eu posso - ver outro amigo gay levar-se ao suicídio pelo odioso envenenamento de toda uma sociedade. É lamentável que nos ocupemos, enquanto humanidade, de estabelecer um patamar civilizatório mínimo. É lamentável e sintomático do espírito de nossa era: a modernidade é um engano, estamos alimentando monstros gigantescos... Não apenas neste aspecto - quase todas as mobilizações contemporâneas são tentativas de garantir ao menos os dedos, já que a ganância dos nossos arranjos econômicos já nos levaram os anéis há tempos.

Mas daí a regozijar-se com uma decisão de uma suprema corte de uma potência imperial estrangeira e fazer disso uma duvidosa campanha de mídia social... não me prestaria a esse papel!
Depõe contra a humanidade que as parcas conquistas - se é que podem ser assim chamadas - civilizatórias dependam de tribunais constitucionais. Ainda mais sintomática a reverberação desse refinamento da sociedade norte-americana por aqui, da forma como foi feita hoje [afetos sequestrados e tutelados pelo facebook! O horror!] - sendo que o nosso STF e o CNJ já haviam nos garantido patamares jurídicos semelhantes antes.

Uns argumentam, os mais honestos, considerando o simbolismo: ora! De simbolismos nos fartamos com o presidente operário; com a presidenta; e, o maior de todos, com o tempo, que nunca volta atrás! Símbolos, desde há milênios, apenas são instrumentos de mobilização dos afetos mais fracos, mais suscetíveis. De símbolos, pululam os cadáveres nos pântanos do Tártaro...
Não vou falar de sexualidade: aí não há o que se discutir, senão o que se experimentar e se apropriar, sendo o caso. Todavia, desejo sorte aos homossexuais nessa aventura de adentrar aos padrões produtivos e de consumo da família moderna. Dela - a sorte, e nunca esse modelo de normatividade social - todos nós, seja qual a cor que nos pintemos, vamos precisar!

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