1. A quem pode interessar os motivos da minha solidão? Ora, que voem pra longe, aves de mau agouro! Se vivo só e lido com as entidades do silêncio e do escuro, somente a mim cabe questionar-me os motivos de tal forma de vida, pois que razão acha-se facilmente para tudo. Dos meus monstros, cuido eu! Vejam bem: os monstros são meus!
2. Uma pessoa pode permanecer viva por pura vaidade: já não lhe restam outros esteios, outras âncoras na vida que não a teimosia em estar, em ocupar um espaço, em apostar em um risco e, no lance de sorte, esperar ser reconhecido pelos outros como aquilo que acredita intimamente ser - isso que é o que aqui se entende por vaidade. Aqueles sapos que se enchem de ar para afetar de medo os concorrentes, de luxúria os parceiros sexuais... a isso não posso chamar de vaidade, talvez de blefe. Para naturezas mais refinadas, nobres, que possuem o seu recanto no isolamento quase absoluto, pouco importam os parâmetros médios da medida de uma pessoa. Que importam eles! A aposta, para tal estirpe, é sempre muito alta. Que assim seja! Estar vivo por vaidade! E por que motivo maior que este se poderia ainda viver?!
2. Uma pessoa pode permanecer viva por pura vaidade: já não lhe restam outros esteios, outras âncoras na vida que não a teimosia em estar, em ocupar um espaço, em apostar em um risco e, no lance de sorte, esperar ser reconhecido pelos outros como aquilo que acredita intimamente ser - isso que é o que aqui se entende por vaidade. Aqueles sapos que se enchem de ar para afetar de medo os concorrentes, de luxúria os parceiros sexuais... a isso não posso chamar de vaidade, talvez de blefe. Para naturezas mais refinadas, nobres, que possuem o seu recanto no isolamento quase absoluto, pouco importam os parâmetros médios da medida de uma pessoa. Que importam eles! A aposta, para tal estirpe, é sempre muito alta. Que assim seja! Estar vivo por vaidade! E por que motivo maior que este se poderia ainda viver?!
3. De modo que em uma tal pessoa um otimismo realista que diz "não espero nada, estou pronto pra tudo" ocupa-se de imaginar os cenários mais terríveis que o horizonte do futuro possa lhe trazer - as crises econômicas mais agudas; as relações pessoais mais afiadas que um punhal, conflitos com agentes da ordem hegemônica; viver em situação de rua ou mesmo voltar a morar com a família por uma depressão financeira; toda sorte de enfrentamentos e perigos, enfim. Navegar em mar calmo, para elas, é de pouco valor e, talvez pela sua própria natureza, pouco provável. Cabe a pergunta retórica: um raio procura a nuvem mais carregada para chegar à terra ou é dela mesma apenas uma manifestação?
4. Estas palavras estão despidas de qualquer vestígio de má-consciência? São apenas as palavras do Macaco de Zaratustra? Ora, até estas perguntas são por pura vaidade!
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