domingo, 19 de junho de 2022

7 Historietas de Amores Goianos

1. Ela tinha 14 anos e era apaixonada por um rapaz da sua cidade no interior de Goiás. O rapaz era boa pessoa, de família modesta em posses. Ela, de família renomada na cidade, com muitas posses e sentido para a acumulação.... Certo dia, o rapaz passa na rua e ela acena para ele da janela, ocasião em que é agredida por sua mãe até perfurar-lhe o intestino. É levada para Goiânia às pressas. 3 anos depois ela se casa com outro rapaz vindo do Rio de Janeiro, estabelecendo-se em Brasília, então recém-inaugurada. Esta união é aceita por ambas as famílias, contudo, a antiga paixão permanece latente em seu coração para sempre. 

2. Ela o conheceu quando visitava sua irmã recém-casada na recém-inaugurada Brasília. Ela folheava uma revista "Cláudia" que deliberadamente deixou cair da janela do bloco do cunhado enquanto ele passava. Ele recolheu a revista e aguardou por ela que, ao descer para resgatar a mesma, travou o contato inicial que fundou uma linhagem inteira de filhos, netos e bisnetos. 14 anos depois ela se tornaria viúva em um acidente de carro do qual demorou meses para se recuperar (ela mordeu uma parte da língua — curiosidade: este órgão é capaz de se regenerar!). A partir de então, aproveita a vida livre para se enamorar de quem lhe aprouvesse, longe do controle dos pais e do marido, por longos 10 anos.

3. 10 anos após o acidente automobilístico que lhe fez viúva, ela, goiana radicada em Brasília, é quase atropelada por um senhor, 22 anos mais velho, quando saía da garagem do bloco dele na superquadra em que ambos moravam na asa sul. A partir de então, passou a receber o seu cortejo nos passeios da quadra. A ocasião inusitada serviu para que travassem o contato inicial da união, profundamente apaixonada da parte dele, que perdura por mais 25 anos. Ela cuida dele até a sua morte em idade avançada. Ele, que nunca teve filhos, toma suas enteadas por filhas, os filhos delas como seus netos, de forma genuinamente afetuosa e dedicada. Ele, do sertão cearense, deixou um legado de hábitos da cultura nordestina, lembranças de uma humanidade forjada no Brasil do Estado novo, contatos com ambientes requintados e com um determinado círculo da elite da burocracia e da política em Brasília.

4. Eles se enamoraram ainda na tenra adolescência, na Pirenópolis de 1972. A breve paixão, por capricho por destino, cedeu espaço para que ambos fossem viver novas relações que resultaram em seus casamentos, fundando cada qual suas próprias famílias. Ela confessou sentir, já casada, a palpitação, o coração-na-boca típico das grandes paixões mal resolvidas, quando cruzava com ele nas ruas e talvez se perguntasse secretamente se alguém seria capaz de perceber o seu rubor que lhe denunciava. Em 2020, em pleno isolamento imposto pela pandemia, ambos já separados dos seus respectivos cônjuges, retomaram o contato que reacendeu a paixão de anos atrás. Estão agora casados e rejuvenescidos em décadas pela magia do amor.

5. Eles tinham a mesma idade, cerca de 14 anos. Foram namorados na Goiás dos anos 1970. Um dia ela foge com outro rapaz aos 15 anos, aventura típica da época em que as moças de família desonravam o nome dela acaso se entregassem às paixões antes do sagrado matrimônio. Ele finda namorando e casando com aquela que era prima de sua primeira namorada, alguns anos mais nova, alguns anos mais tarde, em 1986. Têm dois filhos e se separam. Os filhos convivem com o pai esporadicamente na infância e depois passam praticamente 20 anos longe do pai, retomando o contato quando ele já está próximo do leito de morte, para honrar tardiamente esta estória dramática.

6. Ela nunca se casou. Provavelmente, faleceu sem nunca provar do fruto oferecido pela serpente que habita a árvore do conhecimento... Fora, de certa forma, escolhida pela sua família para ser a senhorita que cuidaria dos sobrinhos, da casa e dos pais até a morte. Contudo, neste ínterim, nos caminhos sinuosos apresentados pela vida, ela conhece uma moça vinda do Rio de Janeiro nos anos 1970 e que se estabelece ali na mesma cidade de Goiás, num sobrado com bela vista para a monumental Serra Dourada. Elas travam uma amizade forjada em viagens para pescarias e acampamentos à beira dos rios largos do oeste goiano — além de cigarros, muitos maços de cigarro! Aquela amizade certamente foi seu amor secreto por longos anos, até que a morte as levou para viver suas aventuras no paraíso.

7. Eles se conheceram na afamada rua da lama. Ela, menina sem origem exatamente conhecida, mestiça filha da miséria dos rincões do Brasil, é o brinquedo favorito daquele rapaz, filho de família abastada da cidade. Logo, a ardência dos seus encontros dá origem a uma criança, que cresce ali na mesma casa em que a mãe (sobre)vivia... A irmã mais velha dele descobre a existência da tal criança e a resgata, permanecendo sob seus cuidados. Alguns meses mais tarde, mais uma criança vem ao mundo fruto daquela paixão impossível. Na terceira gestação, a família dele resolve intervir para arranjar seu casamento com aquela moça, abençoando a união de ambos. Fundam uma família de gente bela e briosa. Possuíam uma fazenda de belíssima paisagem no oeste goiano, onde os filhos, netos, sobrinhos e sobrinhos netos aprenderam a observar maravilhados as infinitas belezas do cerrado.. Ela cuida dele ainda hoje, quando já claudica em sua saúde em idade avançada.

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