Fazendo o que deveria ter feito há 10 anos atrás: ouvindo todo o punk britânico-irlandês clássico.
Nunca é tarde para fazer o que ainda se pode ser feito. Nunca é tarde para aprender a viver no tempo certo. No tempo de então, meu contato com a internet se fazia em tatear com as pontas dos dedos todo um universo de possibilidades... Com o passar do tempo, fui conhecer outras coisas, ouvir outras músicas, aprender novas técnicas e deixei latente, decantado aquele desejo por aquela estética poderosa.
Nunca é tarde para fazer o que ainda se pode ser feito. Nunca é tarde para aprender a viver no tempo certo. No tempo de então, meu contato com a internet se fazia em tatear com as pontas dos dedos todo um universo de possibilidades... Com o passar do tempo, fui conhecer outras coisas, ouvir outras músicas, aprender novas técnicas e deixei latente, decantado aquele desejo por aquela estética poderosa.
O que sempre me fascinou no punk, especialmente no britânico - os americanos a mim nunca tiveram tanta graça -, é que eles pensavam a estética e a política - que são faces da força criadora em movimento. O Punk foi, sem dúvida, o último grande gemido da voz rouca da contra-cultura (Killing Joke, "Are You Receiving"; Sex Pistols, "Problems"; The Clash, "Tommy Gun", por exemplo).
O ~movimento~ de Seattle, E.U.A., nos anos 90 é o exato oposto do punk: um refluxo niilista despolitizado engolfado pela indústria do entretenimento. Nem vou me ater a desqualificá-lo por agora, mereço empenhar melhor meu tempo.
De volta ao punk europeu*, em relação à política, eram jovens de uma geração contra a parede na Inglaterra do neoliberalismo, uma manifestação do traumático desmonte da social-democracia nas sociedades pós-industriais.
Em estética, o absoluto descompromisso para com a canção enquanto mercadoria. Em franca oposição, por exemplo, àquela coisa que não merece ser considerada para a história da arte e que, deveras, merece um tempo ainda maior que o dedicado à desqualificação do Grunge - pois que não lhe toca a sola dos pés - a que se convencionou chamar de "hard rock", e que foi o grande $ucesso da indústria fonográfica dos fins dos 70/início dos 80: de Aerosmith a Bon Jovi; de Van Halen a Guns & Roses.
O Punk foi o primeiro movimento de assimilação do reggae - Clash, Killing Joke e Stiff Little Fingers gravaram reggaes nos seus primeiros discos - e da cultura da periferia, de modo geral, das cidades britânicas: dos exilados, dos imigrantes, dos marginais. Ao contrário do Eric Clapton, que ganhou muito dinheiro com a versão de "I Shot The Sheriff", do Bob Marley; que afirmou bêbado em show que a Inglaterra "devia voltar a ser dos ingleses", os punks organizaram o Rock Against Racism ("Rock Contra o Racismo") - um evento justamente para contraporem-se à expansão política da National Front - os ~cidadãos de bem~ da direita nacionalista inglesa.
O punk foi, em larga medida, um canto romântico, lembrando a tradição operária do rock bretão - dos Beatles e do Who - lamentando a sua degenerescência. Tragédia é que o punk, ele próprio, degenerou-se talvez com ainda maior velocidade: U2, por exemplo.
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