terça-feira, 3 de março de 2015

Sobre a Paralisação dos Professores da Rede Pública do Distrito Federal (fev. 2015)

1. Pergunto: de que serve um sindicato, uma classe, que após quase 3 meses de impasse junto ao GDF em relação aos pagamentos atrasados realiza uma semana de paralisação das atividades no início do ano letivo para, no fim, hoje acatar, basicamente, a mesma proposta que o governo já havia apresentado anteriormente? Como justificar ante a sociedade, a comunidade de famílias e estudantes, essa semana de paralisação depois disso?! 

2. Por que a maioria da assembleia acatou o parcelamento do nosso pagamento - que foi tão atacado anteriormente -, que será realizado, não mais pelo endividamento público do GDF (A.R.O. - que também era um problema...), mas pelo remanejamento de verbas que serviriam para pagar servidores/serviços de outras áreas do governo? Então, tudo bem tirar o salário dos outros pra pagar o nosso?!

3. O sindicato dos professores convocou nova assembleia com indicativo de greve para o 5º dia útil de abril (!) contando, evidentemente, com o ~fortalecimento da organização da base~. Quanta pelegagem! Quanto esforço pela desmobilização!

4. Se as condições jurídicas e orçamentárias se alterarem nessa semana que entra - como essa liminar suspendendo o parcelamento dos salários da saúde - e nosso salário novamente atrasar? Vamos ter de começar a organização toda novamente, aguardando as reuniões dos negociadores do sindicato com o governo? Tudo isso me lembra dezembro, quando o sindicato se reunia com o Agnelo que dizia "nessa noite o salário estará na conta!" e fez isso umas, sei lá, 5 vezes...

5. Por que, já que havíamos iniciado o transtorno que é, tanto para nós quanto para a comunidade escolar, a paralisação, não declaramos o indicativo de greve hoje mesmo, forçando outra proposta do governo que nos fosse mais objetiva na garantia das demandas?

Taí: pra mim, o sindicato arregou em peitar o TJDFT e pagar as multas por dias paralisados (é um sindicato RICO. Quem conhece como funciona a psicologia dos ricos sabe que não correm qualquer risco com dinheiro) e, com a radicalização, perder o controle da base da categoria. Alguns micropoderes exibidos na condução da assembleia sinalizam isso. E, vamos falar a verdade, a tal "base" é bastante criticável - pra dizer o mínimo - em análise política... o que leva ao próximo ponto:
Tenhamos algum respeito à realidade: o sindicalismo ~petista~, intrinsecamente ligado à ordem das instituições semi-feudais brasileiras, esbarra em limites que a cada vez mais se insinuam. As questões que se impõem sobre nós: quais são estes limites? Como superá-los? Que nova organização poderá surgir daí? Como construí-la?

Eu não sei de nada!

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