terça-feira, 29 de abril de 2025

Sete Máximas Deste Tempo

1. As pessoas são reais, contudo, não são verdadeiras. A inteligência artificial é verdadeira, contudo, não é real. A única possibilidade de as pessoas se equipararem é quando dizem a verdade: cada um tem sua própria tragédia e júbilo, miséria e riqueza mais íntima pra partilhar. O isolamento, a percepção da solidão na multidão, é o resultado de um mundo construído a partir de máscaras e mentiras. 

2. Moral da física: viajar para muito longe muito rápido e, então, retornar é o mesmo que se isolar no futuro. Os hodiernos permanecerão no passado – jamais serão meus contemporâneos. Essa gente é burra e talvez também seja ruim: por que, então, mereceria ouvir verdades de mim?

3. A mistura da inclinação filosófica e hipersensibilidade do meu pai com o raciocínio econômico, por assim dizer, e a afetação de casta superior que herdei da linhagem da minha mãe constituem em mim um destino incontornável: uma monumental, milenar, incomparável e incontestável - solidão. E, conforme minhas últimas experiências no trato íntimo com as pessoas me atestam, esta solidão, que longamente ordenhada vem a ser minha solitude, é o maior de todos os meus privilégios.

4. Conto também dentre os meus numerosos privilégios o exercício da minha independência. Quanto mais longe sigo na vida, mais calmamente reconheço com gratidão as distinções que me foram conferidas pelo destino. Ó, ignorantes que se me avizinham, ao menos disfarcem a inveja que retêm da minha volumosa riqueza!

5. Ó, como eu queria que a pobreza dessa gente fosse apenas de dinheiro! É o contrário que se sucede: sou o mais "pobre" dentre eles, porém, não me perdoam que eu não lhes inveje o seu "ouro"!

6. "A ignorância é vizinha da maldade": o ressentimento é o vício dos fracos. Ó, hodiernos que me cercam, como disfarçam mal seu ódio contra mim!

7. Uma questão de asseio: não mais me poluir mergulhando em águas cujas profundidade e pureza não me são equivalentes. Manter distância da psicose ordinária enclausurada na camisa de força da neurose alheia. Como alguém tão doente assim pode "escutar" alguém? Apenas ouve os fantasmas da sua própria cabeça. 

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