domingo, 3 de maio de 2020

Paráfrase VI

Visita ao Museion. — Também eu estive no museion e frequentemente para lá voltarei; e não somente vinho ofertei para poder falar com alguns artistas. Quatro foram os pares que não se furtaram a mim, o viajante: Caetano e Gil, Raul e Belchior, Chico e Milton, Tom Zé e Alceu. Com esses devo discutir quando tiver longamente caminhado a sós, a partir deles quero compor ou não, a eles desejarei escutar, quando derem ou negarem razão uns aos outros. O que quer que eu diga, escreva, cante, para mim e para os outros: nesses oito fixarei o olhar, e verei seus olhos em mim fixados. — Que os contemporâneos me perdoem se às vezes me parecem sombras, tão pálidos e aborrecidos, tão inquietos e oh! tão ávidos de juventude: enquanto aqueles me aparecem tão joviais, como se agora, depois de envelhecidos (ou mortos), não pudessem jamais se cansar da juventude. Mas o que conta é a eterna jovialidade: que importa a "eterna juventude" ou mesmo a juventude?!

(Paráfrase do aforismo 408, "Opiniões e sentenças diversas", Nietzsche).

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