sexta-feira, 22 de junho de 2018

A Morte Como Um Preconceito

A morte como um preconceito — Bem mais de uma vez na vida já se ouviu falar assim: "Se este morto realmente valesse tanto, não teria morrido desta forma (jovem, doente, louco, etc.)!" — Quando, para o bem da verdade, cada época e lugar estabelece critérios próprios para valorar o tipo humano, sendo que o ponto final da vida é um signo deste valor. Dada a forma e contexto de cada morte o destino pode ser tido como grande ou desprezível — a depender dos valores que cada cultura cultiva. Hoje, muitos conservadores ainda travam sua batalha contra nossa modernidade decadente utilizando sua última arma: caluniando mortos. Sejam eles os aidéticos, os drogados, os suicidas, os gays — cada morte proscrita é uma alusão à medíocre vida prescrita

O caso Frederico — Frederico morreu louco na indignidade do leito da sua família, tendo pregado a "morte livre, que vem quando eu quero". Simplesmente, ele era alguém que nasceu cedo demais. Houvesse nascido um século e meio depois ele viveria a época do amor livre e os antibióticos: tudo o suficiente para uma vida mais plena para um homem do seu tipo. Compreendendo este impedimento no seu contexto para a satisfação de sua vitalidade, escolheu perecer. Moral da história: a vitalidade mais elevada, entalhada em orgulho, busca seu ocaso caso o mundo não ofereça as condições mais propícias. "Os medíocres duram mais" — já foi dito em 1886!

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