segunda-feira, 11 de setembro de 2017

A Corrupção da Estética

1. Ante o feio, a beleza é um imperativo ético. É preciso ser belo. 

2. Para que haja o reconhecimento do belo, é necessário, portanto, que haja o feio em abundância. Logo, há toda uma indústria de produção da feiúra. E uma informalidade, por assim dizer, no mercado da beleza.

3. A estética da modernidade é a última consequência do embotamento gerado pela indústria da feiúra. O feio foi elaborado à exaustão, tomado como quintessência do belo, posto que o que é vulgar foi elevado à categoria de desejado, objetivo comum, referencial para o repertório do ser humano médio. 

4. Assim opera toda área da economia que se utilize de referenciais estéticos -- a saber: vestuário, música, cinema, teatro, mercado imobiliário, etc. -- através de uma profusão de réplicas de um acaso raro, que seria belo, vulgariza o feio. 

5. Nesse estágio, necessário é para nós, os raros, retornar à postura belicosa de enfrentamento diante do oceano de feiúras. Lutar pelo florescimento de um novo acaso raro de cores e formas e sons e profundidades: o que é mais belo é a luta! Rechaçar o "desejado" como belo! O que todos devem querer -- eu não quero! O que se cria em qualquer esquina -- eu quero criar a um patamar acima. 

Um faro para a corrupção da estética sempre me colocara à parte. Melhor assim.

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