sábado, 17 de agosto de 2024

Allegro, Ma Non Troppo



Letra & música; bateria & teclados (piano eletrônico 2.6), escaleta, guitarras, baixo e vozes: Juliano Berko, 2023. Álbum: "Sehnsucht & Shoganai" (2023).

 "Allegro, Ma Non Troppo"

[J. B.]

Longe demais voou a fênix dos meus sonhos
Afiadas demais as garras do seu anseio
Alto demais além do céu alçou seu voo
Fundo demais cravou no peito do futuro

Forte demais marchou o dragão da minha coragem
Fogo demais queimou no brilho dos seus olhos
Léguas demais além do mar fez o seu ninho
Pedras demais se interpuseram em seu caminho

Além do céu, além do mar ainda vou me encontrar

Amplo demais no horizonte o meu destino
Brechas demais abre entre as rochas meu mergulho
Grato demais por cada aurora a um novo dia
Forjo demais em cada lágrima a alegria

Cores demais além do tempo a minha memória
Queima demais a luz do sol do meu orgulho
Sons & sinais demais além das formas a linguagem
Saltos demais além de mim, à minha altura

Além de mim, do bem e do mal, fiz meu jardim e o meu quintal
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“Allegro, Ma Non Troppo”: Nasceu a partir do primeiro verso, que veio a mim enquanto refletia sobre os caminhos tortuosos da minha vontade ao longo do último ano... Uma imagem específica ainda me remeterá a esse verso pra sempre, pois, que foi essa minha visão, esse meu sonho dilacerado que o inspirou. Em duas ocasiões, entre o fim de abril e o início de maio, sentei ao computador para desenvolver a letra, que foi parida sem muito esforço. Inicialmente, haveria apenas o primeiro refrão após três estrofes. Contudo, na segunda vez que fui lapidar a escrita acabei esticando os versos e o segundo refrão surgiu naturalmente como complemento do anterior. Ao longo da última estrofe expresso abertamente a intenção de me afastar da linguagem, da expressão, da comunicação... tudo isso é um fardo supérfluo. O que é precisamente meu é incomunicável, indescritível. A base harmônica surgiu, possivelmente, na segunda ocasião em que me debrucei sobre a letra. Queria fazer um reggae, algo que remetesse às belas baladas nesse ritmo feitas por Paralamas e Skank, coisas que eu ouvi a vida inteira. Os versos das estrofes contém muitas sílabas, portanto, cantá-los em outra velocidade, mais rápida, tornaria o canto mais áspero. O refrão é, como o conceito mesmo diz, um momento de refrear o canto, no qual posso fazer um jogo de coral no contratempo. O título veio por último. Queria, inicialmente, algo que remetesse diretamente ao refrão. O problema? Não há um refrão só. Nenhuma palavra consubstancia o espírito da canção. Até que me ocorreu que a alegria, que de passagem em um verso contraditório, poderia ser o afeto que batizaria a canção, mas não muito, pois que é uma balada melancólica. Na verdade, eu passava em frente a um condomínio da Ceilândia enquanto pensava na canção e me lembrei da expressão italiana que dá nome a um tempo da música: “allegro, ma non troppo” (“alegre, mas não muito”) e, por fim, decidido ficou o seu nome. Para o vídeo da canção, de súbito me veio a ideia de colocar minha filha mais nova, L. Athena, brincando com algo em câmera lenta. Quando vi sua alegria com as bolhas de sabão, registrei alguns vídeos, um dos quais editei através do canvas para este trabalho.


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