1. Falando de asseio — Uma esponja que se presta a lavar muitas louças sujas finda por encontrar-se, depois de muito trabalho, suja ela própria, ela própria necessitará ser limpa após determinado tempo. A molécula de sabão, para atingir o ideal da limpeza, carrega consigo aos esgotos as moléculas de gordura. O mesmo princípio vale para a educação. Moral da estória, em linguagem nietzscheana: o homem do conhecimento deve saber limpar-se mesmo na água mais suja...
2. A educação como ideal — O primeiro desafio da educação — pública, no Brasil... mas também universalmente falando — é superar as hipocrisias 1) de supor que o conhecimento tem algum fruto, senão, ele próprio; noves fora os privilégios legalmente constituídos destinados aos monopólios da expedição de diplomas [portador de tal diploma possui tais e tais liberdades de atuação econômica na sociedade, etc.], não há, absolutamente, garantias de que o conhecimento formal, por si só, eleve ou modifique o patamar material da vida de alguém; 2) e de que o(s) conhecimento(s) é/são acessível/acessíveis a qualquer um; que, na diversidade de conformações intelectuais, no acaso do destino de constituições de sujeitos, haja acesso livre a uma compreensão superior de mundo. O segundo, é superar o pressuposto de que, para o desprovido de acesso àquela compreensão, seja destinada uma vida de privações das satisfações básicas da vida — a fome, a pobreza, o não-direito à cidade, à qualidade de vida, etc — ainda que essas condições sejam, ao fim e ao cabo, determinadas pela média das condições socioeconômicas de qualquer sociedade, a compreensão de que um desequilíbrio na balança da desigualdade, para ser mais simples e direto, fará ruir o edifício da sociedade é um dado vislumbrado em uma compreensão superior do mundo. Mas, como já o dissera, há uma inescapável hierarquia da inteligência... — contudo, não me creem, a menos que já o saibam.
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