"Canção do Auto-Exílio"
Minha terra teve ouro,
Onde hoje já não há;
Gorjeiam aves de agouro,
Por ora, a sorte é má
Nosso céu tem mais fumaça
Nossas várzeas mais esgoto
Nossos bosques, mais um corpo
Nossos jovens, mais um morto
Em andar, sozinho, à noite
E em toda esquina encontrar
A antessala do fascismo
Nossa “República de Weimar”
Minha terra tem horrores
Que não mais quero encontrar
Caminhar no escuro, à noite
Pagando pelo prazer lá
Minha terra tem tristezas
Que o peito tem de aguentar
Não permitirei que eu viva
Sem que eu veja o que há,
Sem viajar, na vida alhures
Outros modos de ser e estar
Que eu viva longe da neurose
Num lugar que eu possa amar
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