domingo, 31 de julho de 2016

Iñaron Na Prova do Itamaraty

Tu, que fizeste a prova do Itamaraty hoje, honrado concorrente, e que chegaste até aqui, conheças meu Iñaron e faça bom proveito!

segunda-feira, 25 de julho de 2016

Sangue de Barata

Ainda lembro que o Ciro deu susto no PT em 2002... 14 anos depois, cá estamos, não no mesmo impasse político de sempre — talvez no pior de todos...

Mas, no Brasil é assim: é preciso ter sangue de barata para ser levado a sério... pelas baratas.

Não pode se indignar, agir politicamente de forma assertiva, isso não convém à moral das baratas e dos ratos. "O bom e justo dopa a si mesmo, se necessário for, para se calar e aturar a ordem das coisas": assim reza a cartilha das baratas.

Eu, que não tenho pelas baratas outra coisa que não aversão, supero o asco que me inspiram para elas — esmagar!, simpatizo, sim, pelo Ciro, nem tanto pelo que ele é, vejam bem!, mas pelo que eu sou.

segunda-feira, 18 de julho de 2016

Feministo, Um Novo Eunuco

Há, na fauna da novíssima política em rede, uma espécie de homem degenerado, decadente, cristão-novo convertido à igreja do feminismo radical, de cuja liturgia participa tão subalterno quanto uma noviça ou freira qualquer são subalternas na hierarquia do cristianismo: o feministo. Este homem se entrega ao autoflagelo e prega a abstinência do raciocínio, do embate entre racionalidades — a racionalidade, já o descobrira Nietzsche, é apenas uma máscara para um estado do espírito — entre seus pares: "Não vamos opinar/pautar/dizer o que é o feminismo"; "Não vamos roubar o protagonismo [feminismo de novela...] das mulheres"; "Não vamos nos esquecer de nossos privilégios [a nossa "culpa"...] enquanto homens"; "Quem sabe assim nos sobrarão algumas bucetas!", diria um bocudo mais honesto dentre eles... É um reforçador de interditos, um negador.

São os novos eunucos: eram uns brutos, em gestos e em espírito, desde sempre ofendendo uma humanidade superior mais refinada, e para não perderem o direito à existência, foram castrados, docilizados, e agora pregam para seus pares — úteis, enfim, para algo, ainda que para a domesticação de bestas...

Eu, que conheço nesta espécie de homem a minha mais irrefutável antítese, pergunto, pois: Eu não posso falar sobre o feminismo? "Da mulher só se deve falar ao homem" e Zaratustra estava certo; mais certo porém, estava a senhora que o encontrou: "Vais ter com mulheres? Preparas o açoite!" — Pois, eu sei o que é o feminismo; eu sei o que é isso que se chama assim de "feminismo radical": uma racionalização do ressentimento mais venenoso: 

"Eu me sinto mal comigo mesma e com a vida, mas uma constelação de complexos de vergonha e culpa me impedem de assumir para mim mesma diante do espelho que eu sou o fruto daquilo que eu me permiti fazer e que se fizesse comigo no inesgotável acaso da experiência do mundo e, então, um copo d'água vira um furacão! Não! Algo [o "patriarcado", um Grande Outro ameaçador] além de mim deve ser responsável por que eu sofra! Alguém [os homens, esses "estupradores em potencial"] deve pagar pelo meu sofrimento!" — Nuvem de fumaça e vingança: últimos consolos para os fracos, combalidos. E há tanta confusão aí! Como um corpo quando, em reação imunológica explosiva, ataca a si mesmo, o que se chama de alergia.

E muitas destas pessoas diriam desavergonhadamente:

"Tenho alergia a homem!" — e os feministos latem: au!
"Todo homem é um estuprador em potencial!" — e os feministos latem: au!
"Não gosto de feminismo que dá biscoito pra macho!" — e os feministos latem: au!
"Homem falando de feminismo, silenciamento: tá tendo!" — e os feministos latem: au!

O feministo, este novo eunuco, não é apenas um homem tornado fraco; é, pior ainda, um homem, no fundo, ruim e por isso devemos dele tomar distância — equidistantes às feministas radicais —, nós os superiores, pois, eles subscrevem a lógica perversa do ressentimento feminino — por pura concupiscência! 

A: Todo homem é um estuprador em potencial, pois, se uma mulher e um homem estiverem sozinhos numa rua à noite, o homem tem o potencial para estuprá-la.

B: Como assim "potencial"?

A: Tem a capacidade, a potência, o falo e a força necessária para estuprá-la, se quiser!

B: Todo homem, em absoluto?

A: Claro! Todo homem!

B: Eu, particularmente, não gosto de encontrar estranhos nas minhas caminhadas noturnas, sou ciumento da luz da lua nas mais altas madrugadas das noites mais estreladas. E que interesse eu teria em atacar uma pessoa indefesa desconhecida na madrugada? Quem, a partir de uma experiência subjetiva, contempla e concorda com esta tese só pode ser um monstro... e merece mesmo a sua pregação. Mas eu não.

A: Mas, se você quisesse, você poderia violentar qualquer mulher nesse contexto!

B: Qualquer mulher, em absoluto? E se eu fosse um homem ao contrário do que sou, a saber, angular de corpo e alma; um fracote contra uma mulher que tem domínio da sua força física e inteligência cinética suficiente para dominar as artes marciais? Que "potência" eu teria?

A: Mas a mulher teria medo mesmo assim!

B: Quaisquer estranhos, que desconhecem as intenções um do outro, se temeriam nesse contexto. O que pode pressupor a prevalência da violência por parte do homem são os arranjos dos papéis de gênero estruturais na sociedade — em um outro espaço e um outro tempo, o homem poderia ser um nobre cavaleiro e a mulher uma donzela vulnerável prestes a ser resgatada... não se pode olhar a história das relações sociais com as lentes opacas dos ideais modernos.

A: Mas você não é um fracote, você é um forte!

B: Então eu teria que ser fraco, para não inspirar medo em mulherzinhas indefesas ou em homens covardes? É este o ponto em que você quer chegar, te adivinho: quer, com sua moral, que eu abdique da força! E, além do mais, ao contrário do preconceito dos fracos, a potência não prescinde da vontade. Você diz que eu tenho potência para estuprá-la, se quisesse — mas, apenas querendo eu posso poder! Não há que se falar em potência sem querer!

Enfim, o que é o feminismo? A marcha inexorável da história da civilização ocidental a partir das reestruturações das bases da economia, da reprodução material da sociedade — onde não há mais espaço para papéis de gênero ou divisão sexual do trabalho. Neste sentido, o futuro será "tentador", e mesmo essa definição é uma tentativa e uma tentação... Como dissera a velha a Zaratustra: "Disseste muitas coisas bonitas sobre as mulheres, apesar de pouco conhecê-las. Será por que para as mulheres tudo é possível?"