domingo, 30 de março de 2014

O Mundo do Trabalho - Da Indústria Musical à Música Industrial

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É este o fruto maduro, a resultante estética, o que Heracles colheria findos seus 12 trabalhos. Eu havia escrito o "Futuro, Adeus!" em 2012, me despedindo do intenso ócio criativo vivido nos últimos anos na UnB. Abrigado no calor do útero da minha alma mater, desconhecia um universo de códigos, objetos e [rel]ações que é o chamado, na sociologia, de "mundo do trabalho". Quando me vi - diplomado e desempregado (momentaneamente), na eminência da paternidade -, vislumbrando a incisão violenta que me arrancaria do ventre de um velho mundo, sucumbi. Desci aos infernos, a terra arrasada. Os temas falam por si: a tensão das hierarquias de poder; a apropriação desigual da vida material; as relações sociais finaceirizadas; o aprisionamento pelo consumo; o enfrentamento aos sistemas de controle; a introspecção reflexiva que, libertadora do pensamento, liberta a ação. Jurei que, ao final do ano, escreveria (e publicaria aqui) minhas impressões sobre esse primeiro ano como professor, mas fui deixando pra depois... e há tanto o que dizer que esse tema há de esperar o momento e o tratamento que mereçe. Minha filha nasceu quando estouraram aquelas manifestações maravilhosas pelo Brasil... esses dois fatos, mais a escola e meus alunos, foram o que me mantiveram vivo pra terminar este projeto e seguir em frente.

E este fruto - azedo porquanto nutritivo; essência que emana de uma potência de poder, é "O Mundo do Trabalho", buscando o despertar de uma nova moralidade, destituidora do poder da tradição assentado no poder da autoridade. A forma pela qual se apresenta - um álbum (ou, fora do círculo das minhas referências, EP) - é constituída de 15 partes - cada qual um objeto particular num sistema geral. Aí estão algumas leituras - Lafargue; Foucault; Nietzsche, as críticas ao contratualismo, à burocratização da vida (desumanização do ser humano) e releituras anarquistas são mais eminentes.

Gravado entre novembro de 2012 e dezembro de 2013. Guitarras, Baixo, Bateria, Teclados, Vozes [Efeito: Distorção], arte da capa e encarte: Juliano Berko. Todas as letras e todas as músicas: Juliano Berko, exceto "Convenções" (Juliano Berko/Danilo Marques/Leonardo Afonso).







1. "Caminhos do Povo"
O refrão é sobre as trilhas nos gramados - fora dos (poucos) espaços destinados às calçadas no centro de Brasília - feitas pelo povo. Tem um áudio de uma manifestação que fui em 2009 [na época do tal "Fora Sarney"... pois é.]

2. "Mundo do Trabalho"
Resume todo o espírito, o conceito do álbum.

3. "Cultura No Ônibus"
Em homenagem ao cobrador Antônio e o seu projeto inovador.

4. "Convenções"
Esforço para desconstruir valores da moralidade tradicional.

5. "Opiniões" 
Sobre o esforço contra-producente de tentar organizar-se em rede quando essas redes privatizam nossas relações sociais e a internet deixa de ser fonte inesgotável de conhecimento para se transformar em espécie de muro das lamentações.

6. "Deep Deep Web"
Duas personalidades: Julian Assange e Edward Snowden.

7. "Consumidores Imperfeitos"
As [ilusórias] possibilidades de consumo são o maior pilar a sustentar a exploração do trabalho contemporamente. Tem uma inserção [editada] do economista Ladislaw Dowbor.
 
8. "Combustão Espontânea de Favela [E As Remoções Forçadas Para a Copa]"
a) Pinheirinho, SP (sons gravados na desocupação)
b) Extermínio Guarani, MS
c) Criminalização da Pobreza, BR
d) Copa do Mundo e o recrudescimento do fascismo da nossa sociedade

9. "Para Humanos Direitos"
"Não acabou, tem que acabar com a Polícia Militar!"

10. "Pra Não Pagar Aluguel [A Vida Inteira]"
Um fluxo de consciência muito intenso. Tve que recuperar o folêgo depois de mergulhar tão profundo pra escrever essa música...

11. "A Vida Como Ato Político 
Escrevi saindo de (mais) uma prova de concurso... uma reflexão mais íntima.

12. "Função Social do Desperdício"
Escrevi por último. Representa um exercício retórico do cinismo.

13. "O Homem Detrás do Microfone"
Estruturalanarquismo


14. "Ministério da Desburocratização"
Eu lia mesmo um edital... fortuitamente me deparei com uma referência à um decreto do final do governo militar, fui ao google matar a curiosidade e o tal decreto foi publicado no inacreditável ministério da desburocratização. Tem uma pequena inserção do Brizola, pra lembrar de quem nossa ditadura mais temia.

15. "A Minha Banda [Concreto Armado]"
Uma metalinguagem da cosmovisão, teleologia da arte - o sentido da minha vida.

[2013, o ano que não acabou.]